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It´s way too late to be locked inside ourselves

sexta-feira

Experiências do Thomas

Thomas

terça-feira

Saiu Para A Rua

Saiu decidida para a rua
Com a carteira castanha
E o saia-casaco escuro
Tantos anos tantas noites
Sem sequer uma loucura

Ele saiu sem dizer nada
Talvez fosse ao teatro chino
Vai regressar de madrugada
E acordá-la cheio de vinho

Tantos anos tantas noites
Sem nunca sentir a paixão
Foram já as bodas de prata
Comemoradas em solidão

Pôs um pouco de baton
E um leve toque de pintura
Tirou do cabelo o travessão
E devolveu ao rosto a candura

Saiu para a rua insegura
Vageou sem direcção
Sorriu a um homem com tremura
E sentiu escorrer do coração
A humidade quente da loucura

Carlos Tê e Rui Veloso (Ar de Rock)

A gente não lê

Ai senhor das furnas
que escuro vai dentro de nós
rezar o terço ao fim da tarde
só para espantar a solidão
rogar a deus que nos guarde
confiar-lhe o destino na mão

que adianta saber as marés
os frutos e as sementeiras
tratar por tu os ofícios
entender o suão e os animais
falar o dialecto da terra
conhecer-lhe o corpo pelos sinais

e do resto entender mal
soletrar assinar de cruz
não ver os vultos furtivos
que nos tramam por detrás da luz

ai senhor das furnas
que escuro vai dentro de nós
a gente morre logo ao nascer
com olhos rasos de lezíria
de boca em boca passar o saber
com os provérbios que ficam na gíria

de que nos vale esta pureza
sem ler fica-se pederneira
agita-se a solidão cá no fundo
fica-se sentado à soleira
a ouvir os ruídos do mundo
e a entendê-los à nossa maneira

carregar a superstição
de ser pequeno ser ninguém
e não quebrar a tradição
que dos nossos avós já vem.

Carlos Tê e Rui Veloso (Fora de Moda)

domingo

Foto tirada pela minha mãe (com alto contraste em photoshop)
(Abaixo) A mesma fotografia com mais contraste